quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Equipe do Proinfantil- Rio de Janiero,


Este artigo foi publicado pelo nosso consultor e colaborador Aristeo Leite Filho, publicado no Jornal do Brasil, dia - 07/09/2009 e no JBONLINE, dia - 06/09/2009, as 23:33. Segue o artigo:



O aluno visto pelo que é, e não pelo que será.

Aristeo Leite Filho*

RIO - Houve época em que as crianças e os jovens eram predominantemente educados por seus pais e mães, cabendo à escola exclusivamente ensinar-lhes os conteúdos escolares e suas regras institucionais. Hoje, a situação é outra. Pais e mães trabalham fora e permanecem diariamente longo tempo longe de seus filhos. Divididos, não conseguem resolver situações paradoxais do cotidiano e ao mesmo tempo em que se veem sem tempo para a tarefa de educar querem assumir, como seus pais, tal função. Dilema constante que fica sem solução.

A escola, por sua vez, recebe crianças e jovens para ensinar e, desta feita, educar. Uma mudança que nem sempre está presente nos cursos de formação de professores. Aqueles que, originalmente em suas licenciaturas, se preparavam profissionalmente para ensinar as ciências e as artes com didáticas e metodologias, hoje são exigidos no sentido de educar além de ensinar.

A escola passou a ser uma agência educativa em busca de uma nova identidade, que lhe exige um projeto inovador, diferente de tudo que já foi realizado desde o século 17. Cabe a ela educar as crianças e os jovens de hoje para um mundo em constante mudança e que dificilmente pode ter o seu futuro previsível. A imprevisibilidade do amanhã, juntamente com a concepção de criança não como adulto em miniatura ou como cidadão do futuro, mas como sujeito de direitos – cidadã – demandam da escola uma nova configuração, uma instituição que está por ser reinventada.

Seus primeiros traços esboçam a necessidade de uma nova pedagogia “não preparatória”, “não escolaresca”, “não desconectada da realidade”. Já não cabe mais preparar crianças e jovens para o futuro incerto. Já não cabe mais valorizar somente os conteúdos escolares nos currículos. Já não cabe mais exigir apenas atenção e concentração no quadro de giz.

Os desafios que se colocam para a educação são outros. As crianças e os jovens têm que ser vistos pelo que eles são e não pelo que eles serão, pois, se queremos educá-los, precisamos partir do que são, do que eles sabem, do que eles já conhecem. Como ampliar seus conhecimentos e formá-los para que possam selecionar informações sem ter como ponto de partida a realidade deles?

Educá-los exige-nos dar liberdades e limites ao mesmo tempo, para que possam alçar voos maiores em busca de sua felicidade, que só se realizará com a felicidade dos outros.

Diante do individualismo reinante torna-se primordial educar tendo a alteridade como elemento chave. Sem os outros eu não sou ninguém. Como posso ser feliz com a infelicidade dos outros ao meu redor?

Educá-los exige-nos municiá-los de habilidades e competências para uso imediato e de introjeção de valores permanentes que farão diferença em um futuro próximo. Nesse sentido, a escola deve valorizar o respeito ao bem comum, a cooperação e a importância do outro. Todos esses considerados contravalores na sociedade de consumo, efêmera, que vive de aparências, que privilegia o consumidor em detrimento do cidadão.

Educá-los exige-nos alegria de viver, de conviver, de aprender, de descobrir. Exige-nos saber primeiro como encorajá-los a descobrir novos conhecimentos para construir um novo modo de viver e de conviver.

* Aristeo Leite Filho é diretor da escola Oga Mitá.

3 comentários:

  1. “Como posso ser feliz com a infelicidade dos outros ao meu redor”?
    Essa pergunta , retirada do texto de Aristeo Leite Filho, deveria ser a indagação permanente que todos os educadores deveriam fazer quando estivessem a frente de qualquer ato educativo. Seja ele enquanto professor educador ou gestor.
    Ontem ao participar de uma linda e proveitosa palestra com o professor José Pacheco ( Escola da Ponte) , muito me assustou a indagação de uma aluna do Pedro II que no auge de sua juventude e toda a rebeldia que é peculiar dessa idade, usava a expressão cárcere quando se reportava a escola em que estudava. E eu no apogeu de minha maturidade, se é que existe isso , entendia perfeitamente o que ela estava falando , uma vez que no auge da minha juventude de Pedro II também já fazia essas colocações com os meus professores da época.
    Mas ao mesmo tempo em que eu entendia o posicionamento da aluna, lá no fundo eu gostaria de dizer: “Calma. Não é cárcere. É Escola. Escola como tantas outras. Olhe com mais atenção que você verá coisas lindas aqui.”
    E se hoje eu consigo perceber coisas lindas no meio de tanta tradição e rigor da época, foi porque tive a honra de ter educadores que entendiam o conceito da frase acima:
    “ Como posso ser feliz com a infelicidade dos outros ao meu redor”?
    E esses educadores estão por aí. Estão em suas lutas solitárias ou não. Mas estão por aí. Em cada cantinho desse imenso País. Em cada cantinho de uma escola.Eles estão lá. Se olharmos com mais atenção vamos perceber que diante do caos que muitas escolas se encontram, ainda existe o educador que acredita e entende a expressão
    “ Como posso ser feliz com a infelicidade dos outros ao meu redor”?
    Acho que precisamos repetir e repetir essa expressão em outros e outros momentos.

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  2. Carla Nascimento(profª.cursista Proinfantil)
    "O aluno visto pelo que é, e não pelo que será"
    Aristeo Leite Filho.

    Nos dias de hoje, o educador está assumindo um papel diferente do que tinha anteriormente, hoje o educador além de ensinar está tendo a responsabilidade de educar, o que na minha opinião deve ser uma responsabilidade dos pais, é muito difícil passar valores a alguém, que mesmo sem ter maturidade, já tem suas próprias concepções.
    É bem verdade que a sociedade tem evoluído constantemente, e hoje temos uma visão de mundo diferente, onde o indivíduo deve ser preparado para o dinamismo que a sociedade exige.
    Mas não deixemos de lado o amor de ensinar, de fazer com carinho um trabalho que se feito com verdade, vai ser levado para sempre por esses alunos.

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  3. Não consigo entender como alguns estados e municípios como por exemplo o meu, Angra dos Reis-RJ, tratam a Educação Infantil, em 2008 fiz um concurso a nível FUNDAMENTAL!!!!!para trabalhar diretamente com crianças, quando tomei posse percebi que o nível de escolaridade exigido pelo concurso não era suficiente para a função, me vi como professora, participando na elaboração do Plano Pedagógico,aplicando as atividades às crianças,substituíndo a professora diariamenete a partir de 11:31 às 17:00h, em suas férias,recessos,licenças, etc...percebi que a prefeitura ao fazer tal coisa estava pensando somente em mão- de- obra barata!graças à Deus na creche que trabalho 99,99% tem o nível médio e até faculdade de pedagogia, mas como pode isso?será que uma pessoa para trabalhar com estes pequenos pode ainda hoje ser qualquer um, como no tempo da assistência ?Chegou o proinfantil em Angra e as tutoras nos disseram que ganhamos um presente, pois este curso foi nos oferecido por falta de professores leigos no Rio de Janeiro, que nada vai acontecer ao nos formarmos, o único benefício será poder prestar um concurso para professor, mas eu pergunto:não deveria existir uma punição para obrigar os município a respeitarem a legislação maior?e como farão no futuro com profissionais como eu que prestou um concurso público com o nível de escolaridade incompatível?seremos demitidos?e a nossa prática?não vale nada?
    Precisamos urgentemente de esclarecimentos no sentido de entender os fins do Proinfantil. Ao lermos a unidade 5 ficamos convencidos que este curso veio sim pra nos funcionários de creches que somos humilhados e desvalorizados, com diversas momeclaturas, algumas delas um tanto preconceituosas. Nós de Angra dos reis pedimos socorro.

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